Sagitário
Ouvindo Do I Wanna Know? e Rocket
Aquele sorrisinho maroto. Aquele maldito sorriso, como diria Hanna Baker. O menino de sagitário tinha mesmo uma malícia nos lábios e uma doçura no olhar. Quase me sentia uma aliciadora de menores quando ele usava aquele olhar de menino inocente e se fazia de desentendido das minhas vontades. Joguei limpo e me senti suja - veja só! O doce gurizinho me fazia sentir madura perto dele. Deixou tudo parecer que eu provoquei. Estúpidos dentes perfeitos e covinhas! Me seduzia sem perceber. Quase conseguia o que queria. Quase...
Me reencontrou por um amigo em comum, o Cadu, que fazia um curso comigo às terças e quintas. Numa noite ele passou lá. Acho que iam juntos a algum lugar depois da aula, não sei. Descemos as escadas quase juntos mas o Cadu estava a dois passos adiante. Eu andava daquele jeito, meio que parecia tirar um parente da força, então apenas percebi que tinha alguém a espera no portão. Porém notei olhares pelas minhas costas. Olhei para trás sem pensar. Ah!Que bom que estavam olhando para frente! Constrangedor você flagrar quem estava te secando né?
Na aula seguinte, meu companheiro de curso me falou de seu amigo que disse ser um velho conhecido meu. E eis que eu não me enganei: era o lindo que eu conheci há alguns anos e que estava de volta a cidade, não dera certo no vilarejo que se mudara. Disfarcei o entusiasmo e a surpresa em achá-lo tão mais alto e mais bonito que eu me lembrava. Deixou a aparencia que os garotos têm quando estão na puberdade e transformou-se em um homem daqueles de fazer tremer as pernas. Sério, até pra mim. Conhecer alguém interessante (leia-se gato) é bom mas reconhecer... é maravilhoso! O que uns pelinhos no rosto não faz? A carinha de menino bobo deu espaço para um homem cujo convite pra sair eu não recusaria.
Mencionei sem parecer transparecer minhas ideias de modo sínico e fingi nem lembrar seu nome. Cadu, como a maioria de sua espécime nem percebeu meu esquecimento encenado e foi logo gritando seu nome. É fulano! Fulano é o nome dele! Ele disse que te conhece...
Pronto. Passei a ir mais bem apresentada as aulas, sabe, para caso o bonitinho aparecesse. Vinte dias e um feriadão depois ele estava lá e eu soube a tempo de retomar um batonzinho antes de descer. Cadu enviava um audio por celular dizendo que a aula se encerraria dali a 5 ou 6 minutos. Naquele dia, o sagitariano começaria sua caça. Nos falamos timidamente. Ele sabia desde sempre o que queria mas fazia que não entendia. Fiquei meses pensando se não tivesse aquela doçura toda. Ele ainda tinha, só que agora sabia usá-la a seu favor. Simpatia, abraços de prazer-em-rever-você-tudo-bem e aquele papo de como-vai-voce. Tudo passou, pensei. Deixei pra lá.
Porém depois de alguns dias daquele encontro ao acaso cheio de constrangimento ele envia uma mensagem. Combinamos de sair. Encontro de verdade. Pensamento imediato naquele beijo cheio de sede borrando meu batom. Não!Pensamento imediato numa língua entre minhas pernas. Não! Para! O que está acontecendo comigo? Vou controlar a cabeça e fazer o juizo do bom senso volta. Ele é lentinho, gata. Se lembra que pode ter mudado a embalagem mas ainda é aquele bonitinho que parece ser virgem ainda, conclui. Bebidinhas depois vamos nos despedindo. Ele vem e dá um abraço que deixa 90% do seu perfume na minha roupa. Perfumes é meu afrodisíaco, só explicando. O boyzinho parece que sabia exatamente o que estava fazendo comigo, aquele devasso! Vai vendo! Beijão no rosto daqueles com vontade e perto da boca, para atiçar. Uma boa noite, ele disse. Pra você também, a mocinha aqui respondeu. Olhei fixamente para ele e o danado mordeu o canto daquela boca maravilhosa. Bingo! Vou dar pra ele. Tá decidido e não há mais nada que eu possa fazer.
Dia seguinte aquela nova dos homens, desaparecer. Nenhum sinalzinho no whatsapp nem em qualquer outro meio de comunicação. Acha que a gente pira nisso né? Não, lindo! Olhei apenas para ver se nao foi voce o corpo que acharam debaixo de um onibus hoje no noticiario...risos. Certo, vida que segue. Vou para o cursinho. Dia novo e nada de falar comigo. Acho que me deu um block. Devo me preocupar com isso? Não vacilei em nada no jantar, se bem lembro. Fiz a amiga-de-bom-papo-mas-jogando-charme-que-voce-queria.
Era trabalho em grupo e fizemos uma divisão na sala. Cadu e eu estavamos próximos então ficamos juntos. Chamamos mais dois colegas. A apresentacão era daqui 10 minutos, vamos logo com isso aqui. Na hora, a instrutora mudou a ordem e fomos pegos de surpresa. Cadu mexia no celular e se levantou assim que foi solicitado. À frente da turma ele explicava o que havíamos combinado entre nós. De repente seu celular anunciava recados, iluminando a tela do smartphone. "Já tá no papo"; "dei gelinho para comer seu c*zinho assim que eu quiser" e "tava acesa pro papai" era tudo o que consegui ler. Qual a chance de uma mensagem do boy que sai para o boy que nos apresentou não ser sobre mim? Você não sabe o que te espera, querido.
Engoli a vontade de explodir com os dois e me fiz de tonta. Sai com alguém que não via há meses e precisa ficar comentando com os outros machos para se sentir o máximo. O que poderia frustar mais um cara desse tipo? Já sei. Marquei de irmos na sua casa. Me convidando mesmo. Chegamos ás 16h. Ele fez toda uma sala para que pudemos ficar. Me levou ao seu quarto e começou aquele papinho que todo garoto que se acha pegador tem. Sim, na nossa mente se passa um 'quantos disso eu ja ouvi?'. Dei a entender que ele poderia me tocar. Em apenas três segundos estava de membro duro na minha frente só de cueca. Ah, será um desperdício ter que fazer isso, pensei. Deixei ele louco e estava completamente vestida. Não fiz oral, se quer saber. É de conhecimento de todos que um bebê que manda mensagens do tipo "já tá no papo" para os amigos se entretete por pouco.
Joguei ele na cama sem fôlego, todo vermelhinho de tão excitado que estava e toquei seu peito sarado. Ele engolia a seco. O beijei com língua, saliva e vontade porque também não tenho graxa nas veias. Quando ouvi quase com súplicas que eu ficasse nua e que transassemos logo fiz cara de inocente e falei com muita doçura: Ah, não vai dar, hoje estou naqueles dias. Peguei minha bolsa e fui embora.