Reinventando-me




Ler ao som de Dawn

Aconteceu de novo. Eu sorria igual boba e todo mundo notou. 
O coração é definidamente um sujeito muito estranho. Achei que tivesse esganado esse diabo com mágoa e solidão.


Aos vinte e poucos passei todos os sábados do ano em casa, em frente a um notebook comendo algo que as revistas de mulherzinha não indicam - isso se não quiser ficar titia. Sei. Entre uma dorzinha na consciencia e um "foda-se" pra vida, eu sabia que aquilo tinha que mudar. Mas era um processo já tão gasto e demoraria tanto! Preguiça de tentar deixar de ser sozinha. No passar dos invernos a gente pode até quase morrer de frio, mas a exigência de quem ofereça calor só aumenta. Ah! Queria pular o inicio travado, o medo de falar besteira, as vergonhas, a apresentação para todos. Queria logo o cafuné no sofá sem medo de ficar bagunçada na sua frente, a conversa despretenciosa sem parecer maluca, o sexo sem lingerie comprada ontem pra satisfazer.

E você chegou. Leve, suave, tranquilo. Pequeno, doce, gentil. Engraçado, fofo, carinhoso, carente. 

Não disfarça, percebi sua pupila dilatar ao me ver também. Tocamos as mãos e elas se entrelaçaram sem titubear. Tua boca veio a minha sem ser invasão. Nosso gosto bateu. Meus braços encontraram teu ombro. Meu sorriso chamou o seu. E o abraço... o que dizer daquele abraço que você parece achar seu lugar? Quem diria, me envolvi mais uma vez e é tudo tão recíproco que não dá pra acreditar! Vou sem medo, amor, finalmente eu te achei!