Delírio - parte II
Nu, ele me assombrava pelo seu porte. Seu belo e fascinante olhar despiram -me com sensualidade. A boca carnuda beijava acompanhando os dedos em meus ombros, livrando-me daquele vestido justo, fazendo suas alças caírem se despedindo do meu corpo. O homem negro me dominou totalmente mas era gentil em seus gestos. Sintonizamos os próximos passos em harmonia. Deitei-me sobre aquela cama grande e ele apoiou seu corpo junto ao meu, beijando meu colo, seios, pernas. Era a carne para a minha fome.
Ensaiava sempre meus gemidos mas aquele homem não me permitiu pensar. Enquanto golpeava dentro de mim seu líquido nobre meu corpo ansiava receber mais prazer. Ao contrário do que se pensa, quanto mais nós gritamos, menos estamos prestando atenção. Quis abraçá-lo com todo o meu corpo, guardar todo aquele sussurro que ganhava em meus ouvidos.
A realidade não existia mais. A realidade estava em forma de músculo pulsante dentro de mim. Encaixe perfeito. Nossos corpos foram feitos um para o outro. Chegar ao fim era como uma morte após uma doença inquietante. O homem negro tocava-me diferente. Fazia diferente. Gozava diferente. Ao desfazer nossa posição de encaixe, ele saía devagar de dentro do meu calor na medida em que desentrelaçava minhas pernas em torno de seu tronco. Descansou ao meu lado olhando-me nos olhos. Até seu distanciamento soava como novidade. Encantou-me no início, durante e após aquela troca de fluidos. O efeito é o delírio.