A vida como ela não é: Por que todo mundo é feliz nas redes sociais?



Se por um lado a internet nos permite fazer coisas maravilhosas - como rir de memes engraçadíssimos, ouvir o Spotify-nosso-de-cada-dia, ler livros completos sem sair do quentinho do cobertor [...] - por outro ela é um antro de insuportabilidades.

Todo mundo feliz, lindo, maravilhoso, penteado, disposto, sarado. E eu triste. Descabelada. Com preguiça de tomar um simples banho. E com uma vontade celestial de dormir ou de sabotar a academia para assistir Netflix de pijama. Todo mundo com uma vida social de dar inveja a Amaury Junior.[...] E eu de sapatilha, lápis de olho borrado, no inferninho da esquina e tomando Bavária. Todo mundo na pegada ''love my job'', mesmo que esse ''job'' seja atender clientes mal - educados, tropeçar a cada puxão de tapete dos colegas e suportar um chefe egocêntrico. E eu pedindo demissão a cada ano e chegando cada vez mais perto da irrefutável e trágica conclusão de que nunca nessa vida vou encontrar um trabalho que me faça minimamente feliz.

Todo mundo homenageando a BFF nesse último dia dos amigos, com juras de amor eterno e lembranças [...]. E eu pensando que nunca tive melhores amigos. Não porque sou sozinha ou chata ou introspectiva, mas porque sempre me dei muito bem com os mais variados perfis de pessoa [...], o que me leva a ter dificuldades de cultivar uma única amizade com tanta intensidade. [...] Todo mundo fazendo coisas extraordinárias e eu fazendo o trivial.[...]Os eufóricos que me desculpem, mas um pouco de melancolia, de vez em quando, é fundamental.

Texto de Bruna Grotti