A ruiva lolita


 

   Quarta-feira, meio-dia.
   Não estava tão quente quanto nos dias habituais. O Sol estava em seu posto - dia nublado não era - mas uma brisa gostosa contemplava os que se aventuravam a estar na rua àquela hora. Cheguei ao terminal e assim que avistei a minha condução, pensei comigo ''vou conseguir voltar cedo pra casa''. A expectativa se justificava devido aos boatos de greve do sistema rodoviário naquele dia. 

   Passando pela catraca, avisto um lugar incômodo. Era um daqueles assentos que você se vê obrigado a encarar a pessoa que está em sua frente. Quem será o porco que inventou essa parafernalha? Tenho certeza que curitibano não era. Sinto-me estritamente acanhada ao pedir licença a moça que ali já estava, na ''posição correta'', com suas longas pernas finas cruzadas. Após me acomodar no único lugar livre daquele ônibus, dou conta de que ela era uma jovem estudante encantadoramente ruiva. Seu tom de pele me lembrava o leite mais puro que já vi. O tom alaranjado de seu uniforme destacava ainda mais a perfeita brancura de seu corpo. Os cabelos cacheados presos na cabeça e o all star preto davam mais ar de meninine àquela moça.

   Seus olhos claros por pouco não perceberam que eu a admirava. Disfarcei meu ato desesperadamente. Foi desconcertante. Meu coração bateu forte naquele instante,"será que ela percebeu?", pensei. A chegada ao meu desembarque demorava mais de uma hora e aproveitei para viajar em meus pensamentos mais profundos acerca do gênero que me atraía. Ninguém saberia o que eu pensava, nem mesmo a inocente ruivinha. Em segundos nos transportamos para uma cama de lençóis brancos onde eu podia explorar meus instintos. Nossos seios nus faziam companhia um ao outro e eu delirava com seus beijos sutis em meu pescoço. A menina dos meu sonhos era doce e meiga. Com ar de inocencia brincava entre minhas pernas e eu chegava ao céu.

   Meus pensamentos explodiram quando ela soltou os cabelos arrumando-os à frente de seu colo. De vez em quando também deixava que a ponta de seu tênis tocasse minhas pernas. Naquele momento acreditei eu não estar naquela fantasia sozinha. Sentia seus olhos fitarem meu rosto também. Após andar meia cidade, a colegial se levantou, arrumou sua mochila nas costas e partiu. Nunca esquecerei aquela quarta-feira, meio-dia.